quarta-feira, 14 de maio de 2014

Lá de cima


Vista assim do alto nem parece amedrontar. Mas Nova York está longe disso. A impositora megalópole consegue acolher tão bem quanto a dona Efigênia, do quiosquezinho de beira de estrada, na BR-101, no sul do Brasil. Bem diferente daquela senhorinha de oitenta e tantos anos (nesse caso os “tantos” são bem menos que seus oitenta), Nova York se impõe, mas não sufoca. Abre os braços para receber qualquer um que queira conhecê-la, passeando, que seja de maca, pela 5th Avenue. Lá de cima, nem as buzinas, nem as sirenes, nem mesmo os gritos desafinados e agudos de dona Efigênia podem ser escutados. Mas, como uma oração, é possível perceber que a cidade inteira está aos seus pés. Percebe-se mais: que todo mundo que vê essa imagem, por esse ângulo, está mais perto de Deus.