sábado, 12 de dezembro de 2015

Novas instalações


Toda vez que tento instalar um programa no meu PC, o Windows pergunta, usando um toque sonoro de piano, todo sombrio: "Você tem certeza (é tipo um: olha lá, hein? Se o negócio fudê com a sua máquina o problema é teu, que aceitou!, sabe?) e permite as modificações que sertão feitas neste computador?”. Daí eu fico uma hora lendo e tentando entender o que esta máquina quis dizer com “você tem certeza?”. Eu sinto como se eu estivesse sendo julgado por um tribunal pelos piores crimes já conhecidos.

Essa mensagem é como as trombetas do apocalipse soando no seu ouvido. É possível houver até a risada debochada do cara que criou essa mensagem falando: “Vai, seu idiota, você entende muuuuuuito de computador... Aceita, vai. E fode com a sua máquina! Hauheauhaeuhuae (é uma risada sinistra) Mas se você não aceitar você também não terá o que você precisa”. Com isso ele já tira o dele da reta e coloca o meu. E a revolta me bate quando me vejo refém desse povo. Te falá, viu?

Aí você pensa: “Ok! Eu tenho que decidir, certeza, se eu permito as tais modificações (?) no meu computador. Mas que modificações são estas?”. Começo a passar pelo processo de desespero. Me sinto vigiado. É como se um dispositivo interno esperasse apenas eu aceitar as tais modificações para instalar algo que eu jamais teria a mínima noção do que seria. “E se isso modificasse a minha máquina para pior? E se o PC, que já não era lá um supersônico – longe disso! Anos-luz, diria eu! – virasse uma carroça de ré? E se... E se... Você vai fazer isso com você?”.

Me atenho que sinto sede. Saio de frente da tela do computador e me dirijo até a geladeira. Abro-a e começo a imaginar se aceito ou não as modificações. “Água com gás ou suco?”, pergunto para mim mesmo, desejando não ter me questionado sobre a bebida para que não me tolhesse parte dos pensamentos, já que precisaria de todos eles para focar na decisão de aceitar ou não as modificações que serão feitas no meu computador, caso as aceite. Bebo água!

Volto para a mensagem escrita, gritando na minha cara e jogando toda a responsabilidade daquela decisão apenas a mim. Única e exclusivamente minha. Tanto a decisão quanto a responsabilidade pelas tais mudanças. Mas quais são elas, gente? Desespera. Sufoca. São nesses momentos que exercitamos fé e paciência. Eu paro pra pensar, só um instante: “O que é mesmo que eu estou baixando?”. Desligo o computador e abro um vinho.

Este sou eu. Rimene Amaral

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Uma experiência adjetivada


Não é todo mundo que sabe apreciar um bom vinho e reconhecer suas nuances. Muito menos, quem sabe conceituar um vinho, pelo seu sabor, usando de outros sentidos ou de predicados e adjetivos que são comuns às pessoas. Pois bem. Me atrevi!

Depois de um dia de muito trabalho, cheguei em casa e, na sequência, minha amiga Andréa Reges manda-me uma mensagem para a confirmação da rua que moro. Chegava ela, alguns minutos depois, munida de um bolo-de-rolo inigualável – que congelei e comi com café quente no dia seguinte – e uma garrafa de vinho, enviada gentilmente pela admirável Sandra Vaucel, da Casa do Vinho Francês – com um cartão fino, selado com cera, como somente as pessoas de alma nobre o fazem. Sorri de orelha a orelha. Minha árdua tarefa aquela noite era tomar o vinho e dar o meu parecer com relação a ele, um francês de uma das mais suntuosas castas.

Já imaginando que a noite seria de uma degustação quase orgásmica, subi apressadamente para deixar o vinho respirando na adega, enquanto mantinha o ambiente do quarto a 16 graus centígrados. Estávamos naqueles dias de calor intenso, senegalês, eu diria, mas não poderia deixar a tarefa de provar e falar sobre as minhas impressões. Missão que foi abortada antes mesmo de eu levar o vinho para resfriar. O interfone tocou e as visitas privaram-me de seguir adiante com o ritual. Desculpe-me, mas precisei ser egoísta.

Dias depois, com a certeza da solidão inócua, comecei o ritual um tanto mais cedo. Assim que o sol se pôs, a temperatura do ambiente foi acertada para os mesmos 16 graus. Preparei algumas frutas secas, castanhas e pães. Tudo pronto. Vinho resfriado. Banho tomado. Perfume acertado... lá fui eu para a labuta!

Confesso – e disso não tenho medo, já que a confissão, além de demonstração de nobreza, é auxílio da sapiência – que até três anos atrás meu paladar não se dava muito bem com os vinhos franceses. Que os conterrâneos de Napoleão não me escutem, mas achava-os um tanto “sem-graça”, meio aguados ou fracos, já que meu paladar carecia de algo mais robusto, como é o caso dos vinhos portugueses, espanhóis e chilenos. Fiquei com esse palpite até que fiz uma pequena incursão pelo vinho francês, numa viagem a Bordeaux. Claro, minhas impressões caíram por terra e passei a administrar meu paladar para os vinhos franceses. Uma grata surpresa!

Voltando ao presente de Sandra, segui a regra da boa degustação. Abri o vinho, deixei-o respirar por poucos minutos, já que era um vinho fino, leve... Três dedos abaixo da metade da taça preenchidos. Uma olhada contra a luz. O bouquet entrando pelas vias nasais e, finalmente, o paladar. Deixei o líquido preencher todo o espaço da minha boca e abraçar todas as minhas papilas. Até mesmo as que eu não sabia que existiam. Engoli e o retrogosto confirmou as minhas impressões.

Pois bem. De olhos fechado quase viajei com a sensação que tive. Ainda com os pés no chão, pude ir longe. E consegui pensar na descrição mais certa para a bebida. Da forma mais honesta que eu poderia tê-la feito. Eu consegui – assim espero! – descrever o vinho com as mesmas sensações que usamos para descrever gente. Conceituei-o com os mesmos adjetivos e predicados usados para conceituar pessoas que conhecemos. A primeira impressão foi a de elegância. Um vinho que começa tímido, com sabor leve e, aos poucos, vai tomando conta de tudo e, como um tsunami, invade o paladar e mostra sua força. Mas nada que cause qualquer constrangimento. É um vinho fino, que não agride o paladar, mas sabe – perdoe-me a expressão – “chegar chegando”. É elegante porque, apensar de leve, tem um tanino não muito curto e um toque frutado e refrescante, apesar de aquecer o corpo e a alma. E o melhor, o bouquet permanece durante toda a degustação.


Há quem diga que é frescura. Pode ser, principalmente, para quem não tem o costume ou nunca se deixou ser tocado pelas papilas lá detrás da língua, pelo tanino de uma boa casta. Portanto, antes de qualquer julgamento, afine seu paladar para o seu tipo de vinho e permita-se, antes de qualquer coisa, se deixar levar pelas qualidades, predicados e adjetivos que uma uva pode lhe apresentar quando o seu líquido começa a entrar pelo seu corpo. Poético, né? Mais ainda: prazeroso! Tim-tim... 

domingo, 9 de agosto de 2015

Dia dos Pais: O cachorro do vizinho


Poucas vezes na vida vi meu pai se levantar depois que o sol estivesse em riste. “Dormir é perder tempo”, dizia ele que acordava pela manhã fazendo barulho. Era para movimentar a casa e acordar quem ainda desejava ficar na cama até mais tarde. Era vontade de interagir, de ver gente circulando pelos cômodos. Era vontade de dividir o café e o pão de queijo com molho tártaro – que ele mesmo fazia questão de fazer. Papai não era pessoa solitária. Gostava de fazer tudo rodeado de gente.

E foi justamente por essa mania de acordar cedo, antes mesmo do sol, que ele era chamado para as tarefas da madrugada, quando era tempo de festa da cidade, em Nova Veneza. Virou coordenador da alvorada, do foguetório que abalava a as redondezas às cinco da madrugada, junto aos sinos e às músicas da igreja. Não que fosse devoto contumaz, mas porque gostava de acordar cedo. Então, quando o mês de julho chegava ele tinha trabalho antes do próprio ofício.

Por volta das quatro e pouco da manhã, com um frio que parecia cortar a face, ele se levantava e preparava o café, enquanto o pão de queijo assava. Num desses dias de festa, os primeiros fogos já pipocavam no céu da cidade, sob o comando dado por ele no dia anterior. Ao abrir a porta da área, que dava para o pequeno quintal que tínhamos em casa, ele foi surpreendido por um cachorro assutado com o barulho dos foguetes. O vira-latas era do vizinho e entrava em pânico quando ouvia os estouros. O cachorro passou pelo meio das pernas dele, foi direto para o quarto e se alojou atrás do guarda-roupas. Acordei ouvindo um “sai, cachorro” meio abafado. Achei que estivesse sonhando. Mas a insistência me fez levantar para ver do que se tratava.

Quando entrei no quarto dele a cena que vi era algo surreal. Papai ajoelhado no chão, com uma vara de pescar na mão, cutucava o cachorro, que permanecia imóvel e amedrontado atrás do guarda-roupas. Quando os fogos começaram, de vez, o cachorro começou a uivar, tamanho era o pânico do animal. Papai, aparentemente irritado, arrastou o móvel e o cachorro, encantuado, não ofereceu resistência. Puxou-o pela coleira até o quintal, juntou as forças que lhe restavam, pegou o cão e o colocou pra fora, encorajando-o a voltar para o quintal do vizinho por uma abertura no muro.

Missão cumprida! Ou quase. O animal parecia feito de mola. Quando chegou do outro lado e meu pai virou as costas, o cão saltou o muro novamente pro lado de cá. Ludibriou papai e entrou em casa, mais uma vez. Não era para se achar graça, mas eu ria escondido para não deixá-lo nervoso. Papai foi até o quarto da bagunça – todo mundo tem num em casa – e pegou uma corda, fez uma laço e conseguiu, em fim, imobilizar o animal. Desta vez, saiu pelo portão da rua com o cão, que sumiu na imensidão escura, uivando como se fosse louco, tamanho era o pavor. A esta altura, o sol já avermelhava o céu e papai deixou de lado a alvorada daquele dia para tomar um banho que esfriasse a cabeça e tirasse o cheiro do bicho.

E como hoje as alvoradas, para mim, não têm mais a mesma importância, acredito que de onde estiver estará sorrindo. E os fogos hoje são exclusivamente para ele. Feliz Dia dos Pais, onde estiver!

terça-feira, 14 de julho de 2015

Num Estado laico, obrigatoriedade da Bíblia nas escolas é insanidade


Quando eu era criança, lembro-me de acordar cedo aos domingos para acompanhar minha mãe à missa. Criado assim, dentro do cristianismo católico, passei por todos os processos que a igreja prega: batismo, primeira comunhão, crisma... Na mesma época, estudava em escola pública e lia os poucos livros que a biblioteca, também pública, oferecia. Em nenhuma das instituições fui obrigado a ler a Bíblia. Não que não seja um livro importante, interessante e de cunho também histórico. Apenas não me obrigaram. Estudei, cresci e me formei. Formei também uma consciência crítica do que, para mim, é certo ou errado. Disso tudo me sobrou a ideia que obrigação é uma necessidade imposta pela falta de educação. O que não foi o meu caso.

O Brasil precisa de educação e isso ninguém contesta. Somente assim, o brasileiro saberá escolher bem seus representantes, aqueles que se proponham a lutar em benefício da sua cidade, Estado, país e, principalmente, em benefício dos cidadãos. Não precisamos de políticos que, assim como os fundamentalistas e os de tolerância duvidosa ou forjada, tentam empurrar garganta abaixo de uma sociedade carente de estudos básicos a imposição da sua fé e da sua crença. Pessoas assim ignoram completamente a fé alheia e comungam dos ideais intolerantes que movem, de uma forma ou de outra, uma violência desenfreada mundo afora.

Cada um segue a fé a qual lhe faz bem, lhe traga paz e sanidade mental. Cada um escolhe o seu livro, seja o Alcorão, a Bíblia, o Zend Avesta, o Mahabharata, o Tripitaka ou os segmentos de Sidarta Gautama. Não me venha querer impor qualquer crença que seja sem saber se “eu” quero segui-la. Isso não é democracia. É como se, por exemplo, colocassem os filhos de uma família evangélica para estudar numa escola muçulmana e os obrigassem a seguir o que dita o Alcorão. Ou jogassem um bramanista numa escola espírita e o obrigasse a entender – e crer! – nas mesas girantes, estudadas por Kardec, no início da codificação do espiritismo. Não é assim que funciona. Não se enfia ideologia na cabeça de alguém pelo mero prazer de difundir a própria crença. Quem sabe o que é melhor para “mim” sou eu.

Onde fica a individualidade do cidadão? É sufocada pelo preconceito arraigado que desmantela um sistema laico! Isso é, a meu ver, um afronta ao cidadão e ao uso do espaço público, mantido por meio dos impostos pesados pagos pelo cidadão, para difundir interesses próprios ou de uma minoria intolerante que não enxerga o indivíduo como um ser múltiplo e com vontades e desígnios únicos. Parlamentares que passam o tempo de trabalho, também pago pelo cidadão, arquitetando projetos de aceitação duvidosa e de cunho altamente discriminatório, servem apenas para fomentar o ódio e a intolerância ao diferente. Esse tipo de iniciativa nunca vai gerar qualquer tipo de benefício intelectual ou moral.

O que deveria haver – e aqui dou meus préstimos com ideias de bons projetos de lei – era a preocupação com a leitura obrigatória diária do Código Nacional de Trânsito, em todas as escolas, para tentar melhorar o caos e falta de educação com a qual nos deparamos diariamente nas ruas, como se estivéssemos em uma selva sem leis. Deveriam apresentar projeto de lei para ensinar educação financeira nas escolas e fazer com que crianças começassem cedo a pensar no futuro e não depender de políticos que se aproveitam da boa vontade de tanta gente humilde para fazer a carreira. Deveriam obrigar, por meio de projetos, o respeito a todas as diferenças, sejam elas religiosas, sociais, sexuais, raciais... Deveriam pregar, sim, a tolerância e a igualdade. Para os fundamentalistas religiosos, uma pergunta: Não foi isso que o Cristo pregou?

A leitura da Bíblia é de grande valia. Para muitos, essencial para se viver em acordo com a sociedade, com o mundo e consigo mesmo. Vale e muito! Mas daí a obrigar a todas as pessoas, diferentes ou ignorantes a um tipo de crença, a praticar os ideais religiosos avessos aos seus, isso é, no mínimo, insano. E onde está a suma que o Brasil é um Estado laico? Isso já foi esquecido? Jogaram isso na lama também, junto com a intolerância e o respeito ao próximo? Penso que é obrigação das autoridades resgatar esse princípio. Quando os ideais cristãos, os quais alguns insistem em dizer que seguem e comungam, forem respeitados – igualdade, tolerância, caridade e o amor ao próximo –, aí sim, quem sabe, esse tipo de obrigatoriedade deixará de ser necessário.


Rimene Amaral é jornalista

http://www.aredacao.com.br/artigos/59923/num-estado-laico-obrigatoriedade-da-biblia-nas-escolas-e-insanidade

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Treinamento funcional – uma semana depois


Depois de dez dias passados do meu primeiro treino funcional, o sol voltou a brilhar novamente. Um pouco ofuscado, é certo, mas há luz. Nesses dez dias, conheci mais meu corpo e aprendi que os músculos gritam sempre que são estimulados. Gritam tanto que parecem estar dilacerados. Consequência: dor! E são aqueles mesmos músculos com quem você conversava a vida inteira e não sabia que havia variantes deles que podem – e vão! – doer muito mais.

O treino funcional parece inocente, mas não é. Treino funcional é cruel! É como se seu corpo fosse acordado de um sono profundo e jogado na capoeira com três leões famintos correndo atrás de você. Músculos, mente e respiração parecem chegar ao limite. E chegam! Há dias em que o estômago revira por horas devido à quantidade de ácido lático circulando pelo corpo, depois das fissuras musculares.

Na segunda semana, comecei a compreender que, sim, definitivamente, eu odeio qualquer tipo de exercício físico que fuja do trivial garfo-faca-copo em levantamento. Com ou sem aparelho, exercício é algo que massacra. Mas como não sou mais adolescente e a vida fica cada dia mais cheia de nove horas por conta da tecnologia, exercício físico continua sendo fundamental para manter a saúde da mente e do corpo (depois que o corpo se curar dos exercícios). Nessa segunda semana, também percebi que, apesar do sofrimento, o tempo é o melhor amigo – e também pode ser o pior inimigo. Amigo porque só com ele as dores passam. Inimigo porque se ele passar do ponto as dores voltam pra matar.

Então, já que é preciso movimentar para que os músculos e a saúde não atrofiem, vamos aos exercícios funcionais. Dizem que um dia – o engraçado é que ninguém especifica quando. E conheço gente que já está lá faz anos e ainda sentem – as dores passam. Enquanto isso não acontece, sigo com medo, pavor e receio da sala de torturas medievais. Mas é necessário.


Ah!, essa semana, Matador, meu instrutor, disse que vai me fazer gostar de exercício. Me contorci de rir, claro! Foi a série de abdominal do dia! Mas pensa comigo: tem que fazer, vamos fazer aquilo que menos nos maltrata. Ontem corri amarrado. Sim! Você corre com um elástico amarrado à sua cintura. Corre mas não sai do lugar. As panturrilhas amanheceram hoje como se fossem prato português: batatas ao murro. Desde que levantei, estou andando como pato manco com espinho no pé! Quando a vida sorrir pra mim de novo, volto e conto. Sigamos, pois. Adieu!

sexta-feira, 24 de abril de 2015

A segunda aula de “Treino Funcional” – A redenção / Fênix


Hoje tive a segunda aula de treino funcional. O instrutor – que agora chamo de Matador, por razões óbvias! – me recebeu com uma cara meio estranha, achando que eu não fosse aparecer mais. Disse a ele que estava apenas esperando a ressurreição, já que pessoas mortas ou semimortas não se locomovem. Acho que ele não me levou a sério! Mas achou engraçado quando comparei o local das aulas do treino com uma câmara de tortura medieval. Disse até que ia contar para as pessoas e seres humanos.

Bem, tenho duas notícias. A primeira: sobrevivi! A segunda: sinto que o meu fim de semana está comprometido por conta das novas apresentações. É que hoje fiquei conhecendo um outro grupo de músculos que nunca, em tempo algum, alguém havia me falado sobre eles. E quer saber? Estão todos agitados, já que hoje Matador não deu trégua e me botou pra fazer exercícios “like tomorrow doesn’t exist”. Mas haverá! Nota: Matador já começou a usar uns pesos. Eu sabia que a coisa não seria simples assim...

A cama elástica, coisa que a gente vê como brincadeira de criança tem o poder de me enfrentar descaradamente. Ela olha pra mim e sei que ela está pensando: “Vem cá. Pula um pouquinho aqui. Dez minutinhos, só. Faço nada não!”. E quando você sai de cima daquilo, suas pernas encontram um chão que não se move e as pisadas têm o mesmo peso de quem pisa em Júpiter.

Durante o meu treino funcional, vi um rapaz (coitado!) subindo do chão, usando apenas os braços e puxando uma corda de navio amarrada ao teto e com os pés fixos em pneu de trator (?). O que era aquilo?! A pessoa vai precisar de ajuda para colocar o cinto de segurança do carro ou para comer, beber, dirigir e fazer qualquer tipo de movimento com os braços e as mãos. Tá louco!

Bem, apesar da tremedeira nos braços e nas pernas, com a apresentação dos novos músculos – que, dizem, serão meus amigos de agora em diante – o estômago já voltou ao normal. Meu sangue saiu da fase “Fábrica de queijos Gouda” para “Laticínios Piracanjuba”. Acho que agora vai. Se não for, fica. Sem promessas. Sem expectativas. Vamos acompanhar cada passo! Obrigado pela força, porque essa... já não a tenho mais.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Treino funcional

Sobre o treino funcional que fiz na segunda-feira, o primeiro da minha vida, alguns pontos notados e preciso revelar que:

1 – O local parece ser insalubre como qualquer outro campo de concentração.
2 – Os instrutores são tão cruéis quanto os soldados nazistas.
3 – Você não pega peso, mas o seu peso te faz entender o quanto suas pernas são fortes para te sustentar.
4 – Relaxante muscular e anti-inflamatório são gêneros de primeira necessidade da farmacinha de casa.
5 – As 10 horas seguintes ao treino são de extrema fraqueza, sensação idem à da que precede a morte, acredito!
6 – As 24 horas seguintes ao treino são de dores descritas como: apanhar de ripa, um caminhão passar por cima e dar ré, um elefante dançar cara-caramba-cara-caraô em cima do corpo, ser jogado de cima do Empire State Building sem qualquer amortecimento... e por aí vai! Você pensa que vai morrer.
7 – Nas 48 horas seguintes ao treino você tem a certeza de que respirar, piscar e engolir são tarefas que podem matar. A vida passa diante dos seus olhos quando se executa qualquer uma dessas atividades.
8 – Não se pensa em outra coisa que não uma cama e uma bolsa quente.
9 – Me fez repensar o sentido da vida e de qualquer exercício que não seja o de levar o garfo e o copo à boca...
10 – Tô pensando sério em rever os princípios que traduzem o bem viver e o sobreviver.