sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

O fim mais certo para os personagens de Amor à Vida...


Paloma: Tropeça numa calçada irregular, quebra os dentes e fura um olho. Passa o resto da vida fazendo fisioterapia.

Bruno: Adquire cisticercose e entra em coma. Pronto!

Ninho: Começa a vender baseados prontos na Praça da Sé. É escalteado por um diretor de Hollywood e ganha papel em Breaking Bad. Um ano depois ele acredita que o seriado é a vida real e tem uma overdose.

Félix: Vai preso. Depois de tudo o que fez, né, Braseew?, tem que pagar. E será, no presídio, amigo da garotada!

Pilar: É encaminhada para um spa, mas não o da Clara Matolli.

César: Tem um AVC de último grau. Baba sem sentir e faz todas as sujeiras na roupa.

Márcia: Ganha na loteria e compra a casa da Griselda. Vai viver de renda e morar no Marapendi Dreams. No futuro, será assassinada por Tereza Cristina.

Valdirene: Com o dinheiro que Márcia deu pra ela, monta uma churrascaria e uma pizzaria. Abre falência em quatro meses.

Ordália: Abre um puteiro. Vira cafetina e chama Wanda para uma sociedade, com franquias na Holanda e Turquia.

Dr. Herbert: De repente, some. Assim como veio, vai…

Paulinha: Deixada no lixão com Mãe Lucinda, vai ser responsável por cuidar das carraspanas do Nilo.

Thales: Como todo escritor romântico de séculos atrás, passa as noites frias de São Paulo com os pés numa bacia de gelo para morrer de tuberculose.

Niko: Vende a casa, compra um ônibus e vai vender sushi na estrada como uma espécie de Priscila tupiniquim.

Eron: Redescobre os sites eróticos e vira garoto de programa.

Amarilys: É seqüestrada por Wanda e Ordália e vira escrava sexual em Ancara.

Michel: Escorrega na banheira do motel, bate o saco na garrafa de champanhe francesA, fica estéril e perde a libido.

Patrícia: Surta e abre um sex shop. Usa todos os vibradores diariamente e lança uma espécie de cartilha explicativa sobre os brinquedinhos.

Silvia: Perde o registro da OAB e se entrega ao vício das drogas.

Edith: Casa-se com Wagner (o mordomo) e vai morar em uma edícula no fundo de uma mansão onde os dois trabalham: ela como babá e ele como copeiro e escravo sexual da madame, dona da mansão.

Jonathan: Internado numa clínica psiquiátrica com transtorno tripolar, não dorme à noite, procura seus pais na internet o dia todo e não conversa com pessoas cujos nomes começam com as letras E, F, C e T.

Tâmara: Vivendo com Cuocodilo Dande, some para a Austrália. Há relatos de que ela será morta por um gnu e sua carcaça comida por hienas.

Lutero: Encontra Flora, que lhe dá de presente o livro “O Médico e o Mostro”. Assume a personalidade de Silveirinha.

Atílio/Gentil: Percebe que a dupla personalidade é coisa do demônio e encara o personagem de Ariano Suassuna em O Alto da Compadecia.

Denizard: Explode!

Carlito: Monta uma escola e passa a dar aulas particulares de português para treinar cicerones que vão receber turistas durante a Copa.

Dona Bernarda: Raspa a cabeça e volta a costurar roupas para as bonecas de Victor Valentin.

Perséfone: Explode!

Gigi, Murilo e Sandrinha: Morrem soterrados pelos escombros da casa onde moram.

Dr. Jaques: Acusado de erro médico, perde o registro e se casa com Priscila.

Priscila: Explode!

Daniel: Abre uma academia para a terceira idade.

Gina: Vira pastora e passa as tardes visitando os pobres para ler a palavra de Deus. Quando ela sai de casa, o marido dá um beijo nela e a inentiva: “Vá, meu amor, fazer a boa ação. Vá Gina... Vá Gina!”

Elias: Passa o dia em casa cuidando dos 17 filhos que terá com Gina. À noite, faz biscate como garçom no bar que era de Denizard, o sogro.

Laerte: Morre em decorrência da Aids.

Ianiá: Morre em decorrência da Aids.

Neide: Vira assistente social e vai trabalhar num asilo de autistas.

Linda: Passa o resto da vida tentando entender o que Rafael tem que ela não tem.

Rafael: Passa o resto da vida sendo acariciado por Linda naquilo que ele tem e ela não.

Amadeu: Segue na vendinha do hospital.

Renan: Faz uma cirurgia plástica para melhorar o rosto e acaba sendo sequestrado por E.T.s.

Vega: Vira uma melancia verde (Saramandaiando).

Ciça: Morre engasgada com uma uva.

Joana: Entra em depressão e passa a frequentar o MADA (Mulheres que Amam Demais Anônimas) depois que encontra Luciano se atracando com uma enfermeira na UTI do São Magno.

Luciano: Se torna polígamo.

Pérsio e Rebeca: Se casam e montam uma frente de assistencialismo às vítimas da Faixa de Gaza.

Lídia: Monta uma casa de chás e passa a vender Herbalife.

Vanderley: Confundido com um bambu, procura Silvio Santos e explica o resto da piada pra ele.

Vivian: Explode no Peru, depois de encher a cara e acender um cigarro enquanto arrotava.

Maciel: É contratado como motorista de ônibus pela Prefeitura de São Paulo e morre carbonizado em um incêndio causado pelos bandidos maranhenses... (?)

Ignácio: Tenta acabar com o casamento da Carla Perez porque quer a loira a qualquer custo.

Reinaldo: Explode!

Aline: Foge da cadeia, foge do país (porque nessa novela isso é possível) e vira sócia da Clara Matolli no spa no Caribe.


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Paciência a quilo



Quem nunca comeu num restaurante por quilo que atire a primeira colherada de fricassê. Com o tempo escasso, durante a semana, os restaurantes ‘entre-sirva-pese-coma-e-pague’ ganharam mais clientes que as lojas que vendem artigos chineses ao preço de R$ 1,99. Antes restritos a arroz, feijão, carne, alface e tomate, os restaurantes agora têm um cardápio variadíssimo, com saladas diversificadas ao ponto de deixar qualquer macrobiótico com inveja. As massas, as carnes – inclui-se churrasco – e as sobremesas fazem qualquer pessoa se sentir num banquete diário na hora do almoço. Esse é o problema. Tem coisa demais para escolher.

Assim que se entra no restaurante já se esbarra no fim da fila. Sim. Há filas longas e lentas, primeiro, para pegar o prato. Depois começa a exposição das bandejas. Freqüento um restaurante que oferece nada menos que 54 tipos de salada. Há coisas ali que nunca imaginava existir. E olha que conheço bem de comida. Junto com o que pode ser servido como entrada vêm os patês, suflês e todos os pratos derivados da culinária francesa, incluindo o fricassê – que fiquei sabendo há pouco, o original não contem frango. Começa a via-sacra e o teste de paciência.

À sua frente sempre tem: uma garota magra que conta os caroços de lentilha que estão na colher e vão para o prato; uma mulher de meia idade que se propôs a entrar na dieta justamente naquele dia – esta, ainda na dúvida, coloca tudo no prato e depois devolve metade porque a consciência pesou com a quantidade de batata; uma mãe tentando convencer o filho que acabara de sair da escola a comer alguma coisa que não seja arroz e batata frita; um senhor que não consegue enxergar direito e enche o prato de grão de bico, achando que são bolinhos de queijo e, quando percebe o engano, cai na risada e devolve tudo para a bandeja, jorrando saliva num raio de quatro bandejas para cada lado – já me eliminam oito ‘misturas’... e a paciência.

Tem também aquela dondoca indecisa, uma das figuras diárias que mais me irritam nas filas dos restaurantes. Ela coloca 17 pedaços de beterraba escolhidos cuidadosamente – todos medindo dois centímetros cúbicos – e percebe que é demais. Devolve oito para a bandeja. Viu que ficaram nove. Mas ela gosta de números redondos e pega mais um. E assim ela faz com o arroz, o feijão e tudo o que pode ser contável naquele infindável cardápio. Eu estou ali, bem atrás, esperando pacientemente que ela se decida pelas suas quantidades. Quase desejo sua morte.

Dia desses havia uma senhora bastante debilitada à minha frente, na fila, não sei se surda ou com mal de Alzheimer. E eu esperando com toda a paciência que Deus me deu. A acompanhante dela gritou seis vezes perguntando se ela queria “patê de palmito com salmão defumado”. Seis vezes! Tive de intervir e abortar a sétima tentativa. Expliquei que palmito, para uma senhora daquela idade, poderia causar botulismo. A acompanhante botou a mão direita no peito, apertou os olhos, exclamou alguma coisa que não consegui entender e passou para o próximo prato. Agilizei a fila em dois minutos, um ganho considerável de tempo, visto que em alguns momentos a fila para.

Daí vem o churrasco e as pessoas acham que estão em casa, num sábado à tarde, à beira da piscina e sem nada mais para fazer do que ouvir pagode o resto da tarde e jogar conversa fora. Exigem que o churrasqueiro pegue todos os espetos para ver qual é a carne que mais vai agradar. Quando alguém aponta a carne com o pegador e pede pra ver do outro lado e não sabe se aceita ou não, eu desisto. Fico só no carboidrato com salada porque, naquele momento, a paciência já era e a fome está indo junto. Sem falar com ainda é preciso enfrentar a fila da balança e encarar o garçom, que sempre espera a gente enfiar a primeira garfada na boca para chegar do lado e perguntar: “O senhor já foi atendido? Vai beber alguma coisa?”. 

http://www.aredacao.com.br/artigos/39046/paciencia-a-quilo