sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Futuro

Pode seguir a tua estrela
O teu brinquedo de 'star'
Fantasiando um segredo
No ponto a onde quer chegar...
O teu futuro é duvidoso
Eu vejo grana, eu vejo dor
No paraíso perigoso
Que a palma da tua mão mostrou...
Quem vem com tudo não cansa
Bete balança meu amor
Me avise quando for a hora...

sábado, 22 de outubro de 2011

Outros olhos

Estava sempre ali, bastava ver. Bastava fitar os olhos e enxergar com os olhos d'alma. Bastava querer capturá-la, aquela imagem, para ser eternizada em algum lugar, em um limbo qualquer.

Tenham uma ótima noite de sábado!

O tempo passa

O tempo passa? Passa.
Mas há vincos difíceis
No caminho.
Há manchas na pele
Que roubam a beleza.
De que adianta estar
Esticadinho,
Com os colarinhos aprumados,
Se há uma enorme mancha
A te olhar, a te lembrar
Daquele fatídico dia
Em que o melhor gole
Errou a boca e foi
Parar ali.

Passa. Passa. Tudo passa.
O tempo passa panos pintados,
Listrados, esfumaçados, lisos.
O tempo passa, mas há sempre
Aquelas dores amarrotadinhas,
Chatinhas de passar.
Puxa daqui, estica dali.
Dá pra ir! Dá pra sair!
Ninguém vai reparar.
Deixe disso, que bobagem!
Ninguém vai reparar
Nesse furo. Está bem escondidinho.
Só você que está vendo.
Então acha que todos vão ver.
Vão não.

O tempo passa e borrifa gotículas
De esperança, às vezes,
Para passar melhor.
De vez em quando, somos pegos
Pelo avesso e, quando voltamos
Ao começo, percebemos que não
Está bem . . . passado.
Passa-se um lado. Amarrota-se
O outro.
Ah! Tá difícil. Vá assim mesmo!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Tim-tim

Já que hoje é sexta... tim-tim!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Fresta

Em meus momentos escuros
Em que em mim não há ninguém,
E tudo é névoas e muros
Quanto a vida dá ou tem,
Se, um instante, erguendo a fronte
De onde em mim sou aterrado,
Vejo o longínquo horizonte
Cheio de sol posto ou nado
Revivo, existo, conheço,
E, ainda que seja ilusão
O exterior em que me esqueço,
Nada mais quero nem peço.
Entrego-lhe o coração.

Fernando Pessoa

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Corram todos para as montanhas

...E termina mais um grande espetáculo de música no Brasil. Pela dimensão, até que as ocorrências do Rock in Rio foram poucas e de importância relevante. Batedores de carteira existem em qualquer lugar do mundo. É bonito ver que apesar da diversidade e de muitas caras estranhas, tatuadas e marcadas por piercings a paz prevaleceu. Acredito que seja o poder da música e uma adoração em comum por quem está no comando da plateia. Mas o Rock in Rio 2011 merece algumas observações. Ressalvo aqui que não há qualquer intenção de minimizar a presença dos artistas ou de macular a imagem de alguém. São apenas observações feitas durante os dias do festival. À elas:


Ivete Sangalo. Ah, Ivete! Essa aí é um eterno carnaval ambulante onde quer que vá e em qualquer época do ano. A baiana – e deve ser porque é baiana! – conseguiu imprimir sua voz grave no maior show de rock do mundo. Sim, Axé também é rock! Quem diz o contrário? Em 2013 há de se pensar na ampliação do conceito de ritmos, como: o que é Rock? Acredito que sertanejo universitário não caiba num palco do Rock in Rio! Mas, vai que...

Roberto Frejat todo formal e com uma cara lisa, não sei se devido a plástica ou algum outro tipo de intervenção estética, cantava como se estivesse no palco do saudoso Chope 10, na Avenida T-1, em Goiânia, conversando com a ‘plateia’ e pedindo que o ajudassem a cantar e agradecendo pela introdução de ‘Malandragem’, feita pelo filho dele na guitarra. É, rock’n roll também tem nepotismo. Bem diferente da porra-louquice da década de 1980, Frejat se apresentou todo social, de camisa e blazer escuros, desejando “luz e amor” para todos. Acho que subestimou o público do Rock In Rio, que não levou isso em consideração e se deixou levar, sim, pelo saudosismo. O que aconteceu com aquele parceiro do Cazuza? Até a banda usava terno e gravata!

Mais estranho que um Frejat repaginado só Cláudia Leitte, a princesa do Axé Music – já que a rainha é Ivete Sangalo por intitulação própria do público – cantando Led Zeppelin. Isso é possível? É plausível? Sinais dos tempos. Do fim dos tempos, como diria minha amiga curitibana Aline Mattar, no Twitter: “Corram todos para as montanhas”. É... muita coisa nesse Rock In Rio parecia anunciar as trombetas do apocalipse. Mas tudo com muita aceitação, o que, particularmente, acho genial e mais que válido. Afinal, como disse Chris Martin, vocalista do Coldplay, tudo aquilo era pela música, pelo amor e por alguma coisa mais que acho que nem ele conseguiu se desenrolar. Também foi um show a parte!

Shakira trouxe uma simpatia que aniquilou a visão de uma garotinha colombiana chata. Canta muito e tem presença! Ganha o público. Mas o mineiro Samuel Rosa, que consegue fazer coisa boa e levantar o público mesmo depois de duas apresentações internacionais de peso, como Coldplay e Maroon 5, da mesma forma que cosntrói, destrói. Não sei porque a mania que ele tem de ou cantar a própria música em ritmo diferente ou declamar a música, ao invés de cantar. Isso irrita o público. Me irritou! Se a voz não dá mais, muda a música. Mas surpreendeu. Fez a plateia pular com sucessos do primeiro CD, lá no início da década de 1990. Até Pedro Aristides, trombonista da banda, mostrou exclusividade. Se apresentou tocando o PBone, um trombone de plástico colorido – amarelo, no caso! – que ganhou de presente de um goiano, o empresário João Paulo Roriz, que detém a exclusividade do instrumento.

Voltando a Chris Martin, o vocalista do Colplay foi a prova viva de que o calor do Rio de Janeiro derrete, sim, as pessoas. Com metabolismo de Fórmula 1, suou o show inteiro em bicas. O suor escorrendo e pingando parecia efeito especial de um dos shows mais bonitos já apresentados no Brasil, acredito, e um dos mais esperados do festival. Chris Martin, quando terminou, se ajoelhou e beijou o chão do palco. Piegas? Pode ser! Mas é um tipo de atitude que deixa fãs descabelados e agrada brasileiros desacreditados no país. Alguém que vem da terra da Rainha, onde tudo é quase certinho demais, se desmonta de prazer ao perceber a dimensão daquilo que tem na frente. É, realmente, de encher os olhos. E quem não tem estrutura psicológica, sai de órbita!

Rock in Rio é assim. Tem o poder de fazer o brasileiro esquecer, nem que seja por um tempo, de Jaqueline Roriz. Alguns, ocupadíssimos nas filas para pegar um lugar ao ‘sol’ e ao som, nem ficaram sabendo que o STF, enfim, inicia julgamento de denúncia contra Paulo Maluf e familiares. É momento êxtase, de Puro Êxtase! – parafraseando Barão Vermelho –, que anestesia um povo doído pelas mazelas políticas e o faz muito mais forte para agüentar três noites seguidas de pulos e gritos, sem comer direito ou bebendo em excesso. Tinha até argentino suportando o tranco todo a base de três alnalgésicos por noite!

Até os metaleiros da System of a Down, banda armeno-americana abreviada de SOAD, se apresentaram fugindo do preto tradicional do heavy metal. O vocalista Serj Tankian vestia camisa branca! Mas isso não tirou o peso do metal e nem livrou a banda de altos comentários engraçadíssimos no Twitter, durante a apresentação. Para quem não tinha conhecimento do SOAD ou do ritmo, a noite foi de piadas. Depois, para encerrar, Axl Rose entrou parecendo um personagem de filme de terror. E derrapou! Na chuva e na voz. O tempo também passou para aquele jovem que tinha no grito agudo afinadíssimo a base para conquistar fãs. Passou! Não foi um encerramento apoteótico, mas deu o que tinha que dar.

No final das contas, resumindo todas as óperas, de todos os ritmos, valeu demais. Mesmo assistindo de casa, sem sopapos, empurrões e dor nos pés, em alguns shows era como me transcender. E eu poderia ver esse espetáculo por mais um mês, todos os dias, sem me cansar. Mas algumas atitudes e algumas personalidades, confesso!, me deixaram pensando se o fim do mundo não estaria próximo. Caso também acreditem nisso, e mesmo morando no Planalto Central, corram todos para as montanhas! É melhor prevenir.