...E termina mais um grande espetáculo de música no Brasil. Pela dimensão, até que as ocorrências do Rock in Rio foram poucas e de importância relevante. Batedores de carteira existem em qualquer lugar do mundo. É bonito ver que apesar da diversidade e de muitas caras estranhas, tatuadas e marcadas por piercings a paz prevaleceu. Acredito que seja o poder da música e uma adoração em comum por quem está no comando da plateia. Mas o Rock in Rio 2011 merece algumas observações. Ressalvo aqui que não há qualquer intenção de minimizar a presença dos artistas ou de macular a imagem de alguém. São apenas observações feitas durante os dias do festival. À elas:
Ivete Sangalo. Ah, Ivete! Essa aí é um eterno carnaval ambulante onde quer que vá e em qualquer época do ano. A baiana – e deve ser porque é baiana! – conseguiu imprimir sua voz grave no maior show de rock do mundo. Sim, Axé também é rock! Quem diz o contrário? Em 2013 há de se pensar na ampliação do conceito de ritmos, como: o que é Rock? Acredito que sertanejo universitário não caiba num palco do Rock in Rio! Mas, vai que...
Roberto Frejat todo formal e com uma cara lisa, não sei se devido a plástica ou algum outro tipo de intervenção estética, cantava como se estivesse no palco do saudoso Chope 10, na Avenida T-1, em Goiânia, conversando com a ‘plateia’ e pedindo que o ajudassem a cantar e agradecendo pela introdução de ‘Malandragem’, feita pelo filho dele na guitarra. É, rock’n roll também tem nepotismo. Bem diferente da porra-louquice da década de 1980, Frejat se apresentou todo social, de camisa e blazer escuros, desejando “luz e amor” para todos. Acho que subestimou o público do Rock In Rio, que não levou isso em consideração e se deixou levar, sim, pelo saudosismo. O que aconteceu com aquele parceiro do Cazuza? Até a banda usava terno e gravata!
Mais estranho que um Frejat repaginado só Cláudia Leitte, a princesa do Axé Music – já que a rainha é Ivete Sangalo por intitulação própria do público – cantando Led Zeppelin. Isso é possível? É plausível? Sinais dos tempos. Do fim dos tempos, como diria minha amiga curitibana Aline Mattar, no Twitter: “Corram todos para as montanhas”. É... muita coisa nesse Rock In Rio parecia anunciar as trombetas do apocalipse. Mas tudo com muita aceitação, o que, particularmente, acho genial e mais que válido. Afinal, como disse Chris Martin, vocalista do Coldplay, tudo aquilo era pela música, pelo amor e por alguma coisa mais que acho que nem ele conseguiu se desenrolar. Também foi um show a parte!
Shakira trouxe uma simpatia que aniquilou a visão de uma garotinha colombiana chata. Canta muito e tem presença! Ganha o público. Mas o mineiro Samuel Rosa, que consegue fazer coisa boa e levantar o público mesmo depois de duas apresentações internacionais de peso, como Coldplay e Maroon 5, da mesma forma que cosntrói, destrói. Não sei porque a mania que ele tem de ou cantar a própria música em ritmo diferente ou declamar a música, ao invés de cantar. Isso irrita o público. Me irritou! Se a voz não dá mais, muda a música. Mas surpreendeu. Fez a plateia pular com sucessos do primeiro CD, lá no início da década de 1990. Até Pedro Aristides, trombonista da banda, mostrou exclusividade. Se apresentou tocando o PBone, um trombone de plástico colorido – amarelo, no caso! – que ganhou de presente de um goiano, o empresário João Paulo Roriz, que detém a exclusividade do instrumento.
Voltando a Chris Martin, o vocalista do Colplay foi a prova viva de que o calor do Rio de Janeiro derrete, sim, as pessoas. Com metabolismo de Fórmula 1, suou o show inteiro em bicas. O suor escorrendo e pingando parecia efeito especial de um dos shows mais bonitos já apresentados no Brasil, acredito, e um dos mais esperados do festival. Chris Martin, quando terminou, se ajoelhou e beijou o chão do palco. Piegas? Pode ser! Mas é um tipo de atitude que deixa fãs descabelados e agrada brasileiros desacreditados no país. Alguém que vem da terra da Rainha, onde tudo é quase certinho demais, se desmonta de prazer ao perceber a dimensão daquilo que tem na frente. É, realmente, de encher os olhos. E quem não tem estrutura psicológica, sai de órbita!
Rock in Rio é assim. Tem o poder de fazer o brasileiro esquecer, nem que seja por um tempo, de Jaqueline Roriz. Alguns, ocupadíssimos nas filas para pegar um lugar ao ‘sol’ e ao som, nem ficaram sabendo que o STF, enfim, inicia julgamento de denúncia contra Paulo Maluf e familiares. É momento êxtase, de Puro Êxtase! – parafraseando Barão Vermelho –, que anestesia um povo doído pelas mazelas políticas e o faz muito mais forte para agüentar três noites seguidas de pulos e gritos, sem comer direito ou bebendo em excesso. Tinha até argentino suportando o tranco todo a base de três alnalgésicos por noite!
Até os metaleiros da System of a Down, banda armeno-americana abreviada de SOAD, se apresentaram fugindo do preto tradicional do heavy metal. O vocalista Serj Tankian vestia camisa branca! Mas isso não tirou o peso do metal e nem livrou a banda de altos comentários engraçadíssimos no Twitter, durante a apresentação. Para quem não tinha conhecimento do SOAD ou do ritmo, a noite foi de piadas. Depois, para encerrar, Axl Rose entrou parecendo um personagem de filme de terror. E derrapou! Na chuva e na voz. O tempo também passou para aquele jovem que tinha no grito agudo afinadíssimo a base para conquistar fãs. Passou! Não foi um encerramento apoteótico, mas deu o que tinha que dar.
No final das contas, resumindo todas as óperas, de todos os ritmos, valeu demais. Mesmo assistindo de casa, sem sopapos, empurrões e dor nos pés, em alguns shows era como me transcender. E eu poderia ver esse espetáculo por mais um mês, todos os dias, sem me cansar. Mas algumas atitudes e algumas personalidades, confesso!, me deixaram pensando se o fim do mundo não estaria próximo. Caso também acreditem nisso, e mesmo morando no Planalto Central, corram todos para as montanhas! É melhor prevenir.
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Hahahahaha Rimene!!! Texto perfeito!! SAUDADES!!
Postar um comentário