terça-feira, 26 de março de 2013

A resposta do Banco Itaú e a minha tréplica


Prezado Sr. Rimene,

Em atenção à sua manifestação registrada através do Reclame Aqui, cujo teor mereceu nossa total atenção, esclarecemos que a utilização de comprovantes emitidos em papel térmico em substituição à autenticação está sendo avaliada pelo Banco Itaú Unibanco dentro de um novo modelo de atendimento no terminal caixa das agências, com o objetivo de tornar mais eficiente este processo, reduzindo o tempo de fila para os clientes. 

Em relação à validade deste comprovante, não há impedimentos legais que inviabilizem a sua utilização como meio de comprovação de pagamento, inclusive para INSS. Esta forma de comprovante já está sendo utilizada por outras instituições bancárias e seus correspondentes.

Recomendamos apenas que, para maior durabilidade do comprovante, evite-se contato direto com plástico, produtos químicos, excessiva exposição a calor, umidade, luz solar e lâmpadas. Além disso, para proporcionar maior comodidade aos nosso clientes, disponibilizamos a 2ª via dos comprovantes para correntistas através do ?Itaú 30 Horas na Internet?. 

Conforme previsto no artigo 320 do Código Civil, dispõe que a quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante. Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida. 

Nesse contexto, entendemos que o fornecimento de comprovante de pagamento com todos os dados que permitam identificá-lo ? nome da instituição, agência, data de vencimento, data de pagamento, valor, documento pago (número do título/guia), devedor, credor, etc.? atende as normas contidas no Código Civil. 

Atenciosamente,
Itaú Personnalité



TRÉPLICA
Não concordo! Acho que não tive atenção, porque se vocês tivessem, pelo menos, lido a carta que enviei, perceberiam que todas estas justificativas já foram derrubadas no que eu escrevi! Primeiro porque esta decisão não segue um padrão de sustentabilidade tão divulgado pelo banco. Segundo, não há economia, muito pelo contrário, há um desperdício gigantesco de papel e um papel que não é reaproveitável. É um papel químico que causa, sim, graves problemas de saúde, inclusive câncer. Manter isso guardado será como cuidar de um bebê, precisaremos de ter todo o cuidado do mundo para que ele se mantenha com todas as informações. Mais uma coisa que vocês não responderam, o que prova uma certa ignorância (de não saber mesmo) no assunto: Vocês não se importam com seus funcionários que manuseiam este tipo de papel todos os dias? Não se importam que eles possam adquirir qualquer doença, a maioria delas incurável? A intenção é afastar o cliente da agência, para fazer com que ele use mais o caixa eletrônico, e, daí, a instituição possa dispensar seus funcionários diminuindo gastos e aumentando lucro? E a rapidez, onde isso acontece. Apertar um botão para chancelar um documento é muito mais rápido que esperar a impressão de um papel que, quando apagar e for preciso comprovação, vai gerar dor de cabeça para o cliente e para um funcionário do banco que terá de fazer uma devassa na conta para encontrar a transação. Sinceramente, não acho que isso seja uma coisa séria. Vocês do Banco Itaú deveriam, no mínimo, esclarecer os seus funcionários e clientes sobre as reais implicações do uso do papel termo-sensível e deixá-los decidir como preferem que seja feita a autenticação. Ou seja, as justificativas do banco não convencem e, acima de tudo, deixam de lado o bem-estar de funcionários e clientes em prol do lucro. Isso é lastimável!

sábado, 23 de março de 2013

E o Itaú sempre me surpreendendo!

CARTA ENVIADA AO BANCO ITAÚ



Nunca fui de me enfurnar numa agência bancária, a não ser que houvesse necessidade. Já tive problemas com sites de bancos por causa de transações feitas pela internet. Então, por isso mesmo, gato escaldado... Mas ainda me sobra o bankfone, do Banco Itaú! Uma maravilha. Posso pagar as minhas contas todas pelo telefone. Sempre fiz isso. Agiliza e evita tumulto nas agências. Sou a favor disso. Mas não quer dizer que seja uma regra! É uma opção, diga-se. (O caixa ainda continua sendo caixa e, pela lei brasileira, qualquer cidadão pode se dirigir ao caixa para efetuar qualquer serviço de banco!). Depois de todo pagamento, a moça do outro lado da linha perguntava como eu gostaria de receber o meu comprovante de pagamento. “Pelos Correios”, eu informava. Em sete dias, recebia o documento comprobatório e o colocava naquela caixinha de comprovantes. Ali ele ficará por cinco anos. É assim que ensinam. Mas esta opção não existe mais. Segundo os atendentes, é a política de economia e sustentabilidade do Banco Itaú, para evitar o desperdício de papel e aumentar a segurança de documentos (?). Quer dizer que antes esse tipo de atitude, de enviar documentos pelos Correios, era inseguro? Bem, mas se a política do banco é assim para ajudar o meio ambiente, vamos aceitar. É bonito ver cada um fazendo a sua parte. Recebo o comprovante agora por e-mail. Mas... Daí vem o paradoxo!

Fiquei surpreso ao saber que o Banco Itaú (um dos mais lucrativos do Brasil nos últimos anos) não autentica (ou chancela) mais os documentos pagos no caixa. O cliente recebe apenas um tíquete, em papel térmico, cuja durabilidade não ultrapassa um ano! Mas o Banco Itaú deu um jeitinho e, se você fizer tudo que seu mestre mandar, ele vai durar sete anos. Perguntei para meio mundo sobre o por quê disso e as respostas foram as mais variadas. Nenhuma delas me convenceu! Até disseram (o gerente de outra agência que não a minha) que era uma norma do Banco Central. Não é! Conversei com o meu gerente, da Agência Personnalité, e ele me tranquilizou dizendo que a agência em que movimento a minha conta faria, sim, a tal chancela no boleto de pagamento ou no papel que o valha. Mas não foi assim! Deram-me o tal papelzinho amarelo como comprovante e eu ainda pedi para que o rapaz do caixa fizesse uma fotocópia dos tais (eles até recomendam isso) para grampear junto aos documentos. Trabalho dobrado e triplicado. Não é isso?

Bem, vale ressaltar que a minha ‘bronca’ é devido à qualidade do papel em que é impresso a comprovação do pagamento. O papel termo-sensível, também usado nos extintos aparelhos de fax, varia de acordo com a temperatura e com o tempo. Em aproximadamente um ano tudo o que foi impresso, apaga. Simplesmente apaga! E todo mundo sabe disso. Se reclamo, é porque já tive problemas do gênero. Depois de pagar várias prestações, as primeiras já sumiram. Como comprovar que paguei? Indo até o banco e solicitando que faça uma devassa na minha conta, não é mesmo? Pois é. Tempo perdido, trabalho dobrado e dor de cabeça para todos os envolvidos. Simples, simples seria autenticar o documento e fazer com que todos sejam felizes para sempre.

De tantas explicações que me deram, uma delas fala sobre a agilidade! Ora, que demora há em chancelar um documento? Acredito que a impressão no papel termo-sensível demore uma eternidade, perto do que é apertar um botão para fazer com que a ‘comprovação’ fique marcada no meu documento. E ainda tem a fotocópia! Mais: eu pago para isso! E ninguém pediu a minha opinião para saber se eu aceito, se eu gosto, se eu prefiro e se eu quero receber um papel impresso que vai apagar logo, ou se eu quero a marca impressa no meu documento. Acho isso totalmente antidemocrático! E venhamos e convenhamos, a outra explicação de que é econômico também não procede. O papel é caro e gasta-se muito mais. Cadê aquela política de economia para não desperdiçar papel? Onde foi parar aquela iniciativa de diminuição de emissão de papeis para ajudar o meio ambiente? Balela? Sem falar que o papel termo-sensível contém produtos químicos nocivos à saúde humana. Imagina guardar isso dentro de um armário... E quem lida com ele todos os dias? Os bancos pagam adicional de insalubridade para que os funcionários o manuseiem todos os dias? Será que a alta cúpula do Banco Itaú sabe disso? Vamos lá: Esse papel não é reciclado! (Onde está aquela história de empresa autossustentável, amiga do meio ambiente?). Trata-se do papel termo-sensível, isso porque a impressão dos dados é térmica (feita a partir da temperatura da máquina, reagindo com o papel). Embora pareça inofensivo, esse tipo de papel apresenta em sua composição o bisfenol-A, ou BPA, que é potencialmente nocivo à saúde. Não sou eu quem diz isso. É estudo científico comprovado.

Segundo informações divulgadas no site da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo (SBEM-SP), “vale a pena ressaltar que alguns dos efeitos deletérios do bisfenol, como por exemplo, os de alterar a ação dos hormônios da tireóide, a liberação de insulina pelo pâncreas, bem como os de propiciar a proliferação das células de gordura, foram observados com doses nanomoleculares, ou seja, doses extremamente pequenas, as quais seriam inferiores à suposta dose segura de ingestão diária. (Fonte: Melzer et al, Environmental Health Perspectives, 2011)”.

Os males
De maneira geral, o BPA desequilibra o sistema endócrino, modificando o sistema hormonal. O efeito do BPA no organismo pode causar aborto, anomalias e tumores do trato reprodutivo, câncer de mama e de próstata, déficit de atenção, de memória visual e motor, diabetes, diminuição da qualidade e quantidade de esperma em adultos, endometriose, fibromas uterinos, gestação ectópica (fora da cavidade uterina), hiperatividade, infertilidade, modificações do desenvolvimento de órgãos sexuais internos, obesidade, precocidade sexual, retardo mental e síndrome dos ovários policísticos.

Normalmente, a contaminação se dá pela ingestão, o BPA se desprende dos recipientes plásticos e acaba contaminando o alimento. Uma pesquisa publicada pela Analytcal and Bioanalytical Chemistry, mostrou que, no caso dos papéis termo sensíveis, a contaminação pode ocorrer pelo contato com a pele. Segundo a pesquisa, a contaminação varia de acordo com a quantidade de BPA presente na composição do papel, e é bem menor do que a contaminação pela ingestão, mas ainda sim devemos estar atentos.

O que fazer?
Sempre que possível evite a impressão de extratos e comprovantes, dê preferência às versões digitais, como a comprovação do débito por SMS, por exemplo. Embora o papel termo-sensível seja reciclável, devido à presença de BPA em sua composição, o Pollution Prevention Resource Center (PPRC) recomenda o descarte desse tipo de papel no lixo comum para evitar a contaminação por BPA, que é liberado no processo de reciclagem. Segundo a pesquisa, a reciclagem do papel termo-sensível pode aumentar a exposição humana ao BPA, uma vez que, durante o processo, pode haver contaminação de outros produtos de papel reciclado. O BPA já foi encontrado, por exemplo, em papéis toalha.

Mas, além desses “probleminhas” causados pelo tal papel (e tenho certeza de que a empresa – Banco Itaú – se preocupa com a saúde dos seus funcionários e clientes) fica no ar a minha questão: qual o motivo disso? Economia, agilidade e meio ambiente? Já derrubei todas essas hipóteses. Por que não me deixam escolher o que eu quero? O banco resolve algo, que não se sabe por qual motivo, não consulta seus clientes sobre a decisão tomada e, sequer, os informa das mudanças. Isso não existe! Eu sou cliente, pago por isso e quero que os meus documentos sejam chancelados, marcados para sempre, como tatuagem. Se o banco não pode atender aos meus anseios (que são mais que normais e naturais) também não sirvo para ser cliente. Quando falamos em atendimento de excelência, a satisfação do cliente está em primeiro lugar. Não precisa ser PhD em marketing ou estratégia mercadológica para saber disso.

Então, que fique claro a minha insatisfação com o banco. Que fique claro que não aceito o tal papelzinho amarelo de fax, que contamina e prejudica a saúde, como comprovação de pagamento. Quer forçar o cliente a usar o caixa eletrônico? Ótimo! Desafoga fila. Gosto disso. Mas então, use material inofensivo e que seja de qualidade e não apague com o apagar das luzes de um ano (ou sete, como dizem, se houver cuidado maior do que se tem com um recém-nascido) já que dinheiro não é problema... Chateado com isso! Será que fui convincente?

Rimene Amaral
Jornalista e cliente Itaú Personnalité

segunda-feira, 18 de março de 2013

Il Silenzio


Il silenzio

Não me lembro bem de quantos anos eu tinha. Mas não me esqueço de que meus pés quase tocavam o estuque de PVC da cozinha de casa quando papai me pegava no colo e erguia-me, segurando firme com as mãos em meus tornozelos, enquanto minha cabeça descansava em um de seus ombros. Papai sempre fazia isso, erguendo-me como se fizesse uma canoa com os dois braços e me embalava para dormir ou me acalmar – papai também tinha esse poder! –, sempre na altura do seu pescoço. Geralmente passeávamos entre a cozinha e a área de casa, em passos lentos, no fim do dia, quando a luz do céu avermelhado pelo por do sol de inverno invadia parte da casa. Eu sentia o cheiro da jabuticabeira florida fora do tempo e ouvia o canto alvoroçado dos passarinhos e ouvia mais: emitindo um som que vibrava com a língua, para dar um efeito de vários instrumentos, papai entoava Il Silenzio!

Ao estender os braços eu já imaginava: ele iria começar com um som forte no meu ouvido esquerdo, enquanto meus pés tentavam caminhar pelo teto. Aos poucos, ele me desceria devagar, já meio tonto de sono, e manter-me-ia em seus braços, agora entoando a música um tanto mais baixo para não me despertar. Ainda assim, eu podia ouvir os pássaros e sentir o cheiro das flores brancas de jabuticaba. Até sonhava com elas e, na seqüência do sonho, via as galhas cheias de bolas pretas, prontas para explodir na boca. Nessa hora, a música era apenas um murmúrio, que acompanhava meu sono e me levava a sonhar cada vez mais profundamente. E escrevendo isso, parece que ainda estou naquele sonho.

O som diminuía cada vez mais e a algazarra dos pássaros sumia rápido. Uma corrente de ar mais fria entrava por baixo do barquinho feito por papai com os braços. Estávamos a caminho da cama. Mas antes disso, ele caminhava comigo por todos os cômodos da casa até que Il Silenzio tivesse sido assoviada em toda a sua plenitude, como se cada instrumento tivesse que ser afinado antes de terminar. Era a minha canção de ninar, escolhida pelo meu pai só para mim! Eu nunca tinha ouvido-a de outra forma. A conheci com papai murmurando-a e assim foi até um dia desses, quando fui surpreendido por show gravado em DVD. De imediato, surgiu um soluço, depois um leve aperto no peito e uma sensação de bem-estar e proteção. Deixei as lágrimas escorrerem.

Enquanto ouvia, já deitado e com os olhos molhados, caí no sono e fui levado, instantaneamente, para algumas décadas atrás. No sonho que sonhava, além das imagens que eu via – coloridas, diga-se! – eu também sentia o cheiro das flores brancas e ouvia os pássaros cantarem. Desta vez, papai passeou comigo pelo quintal e meus pés tocavam o tronco do coqueiro que havia sido plantado ao lado da jabuticabeira. Pude sentir as ramas dos arbustos do quintal passarem pelo meu braço amolecido pelo sono. Eu estava lá, sem dúvida. Como se o tempo parasse no sonho, Il Silenzio durou toda a noite e madrugada. Os braços de papai me embalaram até que a manhã chegasse e uma algazarra parecida, com passarinhos diferentes, me acordou hoje cedo. Mas o cheiro das flores de jabuticaba continuava no meu quarto, as lágrimas já haviam secado, a música ainda tocava na minha cabeça e a saudade... Ah! Essa ainda grita no peito como a corneta que toca, solitariamente, um silêncio barulhento me fazendo lembrar dos momentos em que eu andava no teto ao som dos murmúrios de um sábio protetor.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Quero isso escrito na minha lápide



Se eu morrer antes de você, faça-me um favor:
Chore o quanto quiser, mas não brigue comigo.
Se não quiser chorar, não chore;
Se não conseguir chorar, não se preocupe;
Se tiver vontade de rir, ria;
Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão;
Se me elogiarem demais, corrija o exagero.
Se me criticarem demais, defenda-me;
Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, 
Mostre que eu tinha um pouco de santo, 
Mas estava longe de ser o santo que me pintam;
Se me quiserem fazer um demônio, 
Mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, 
Mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo...
E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, 
Diga apenas uma frase:
-"Foi meu amigo, acreditou em mim 
E sempre me quis por perto!"
Aí, então derrame uma lágrima.
Eu não estarei presente para enxugá-la, 
Mas não faz mal.
Outros amigos farão isso no meu lugar.
Gostaria de dizer para você 
Que viva como quem sabe que vai morrer um dia, 
E que morra como quem soube viver direito.
Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da Gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo.
Mas, se eu morrer antes de você, 
Acho que não vou estranhar o céu.
"Ser seu amigo, já é um pedaço dele..."

sábado, 2 de março de 2013

Reféns da ganância alheia




O desabamento de parte do teto Goiânia Shopping mostrou o que a ganância e o despreparo de empresários podem colocar em risco muitas vidas. Centenas delas! Quando o corre-corre começou, depois que a primeira parte do teto caiu, eu estava a caminho da área de alimentação. Iria almoçar, mas por conta de um amigo, Pedro Pio, que me chamou para um papo no café, não subi antes para o terceiro piso, onde tudo aconteceu.

Quando tomamos consciência do desabamento começamos a nos movimentar. Um princípio de pânico já havia se formado. O instinto de sobrevivência manda você sair. Vem a primeira barreira: filas gigantescas nos guichês para pagar o estacionamento! Chamei um segurança que atuava com um rádio amador e pedi a ele que fizessem com que o estacionamento fosse liberado, já que as cancelas estavam ainda fechadas. “Sou segurança do shopping e a empresa (Centro Oeste Parking Ltda.) que cuida do estacionamento é terceirizada!”. Pedi ao segurança que ligasse para alguém da empresa para que o fizesse. Corri até um dos guichês e disse para a moça que fazia as cobranças, somente em dinheiro, diga-se!, para que ela entrasse em contato com o gerente dela para liberar a saída. Ela me olhos nos olhos e disse que já havia ligado e que a ordem que ela tinha recebido era para continuar cobrando pelo estacionamento.

Fiquei chocado com a situação. Voltei ao segurança e fui mais incisivo com ele. Outros seguranças apareceram. Novamente, início de tumulto num dos guichês. Pessoas apavoradas choravam, crianças aos prantos com as mães. Ninguém sabia o que estavam acontecendo e não podiam sair porque a empresa NÃO LIBERAVA O ESTACIONAMENTO! Um absurdo!

Deixei de lado as discussões e procurei salvar minha pele. Corri para o estacionamento, que estava entupido de veículos tentando sair, mas ainda parados, já que a cancela estava fechada do lado de fora, onde uma chuva torrencial desabava e inundava toda a parte do subsolo do shopping. Com paciência e muito jeitinho, consegui sair de lá. Ainda estava na área do shopping, mas do lado de fora. Foi quando alguém gritou que estavam conseguindo sair, quase 20 minutos depois, pela lateral do estacionamento. Mas a cancela ainda não tinha sido liberada. Até então, havia gente chorando na fila dos guichês para pagar o estacionamento e conseguir sair.

Depois que saí, fiquei sabendo que alguns gerentes de loja, que não estavam no shopping, mas que ficaram sabendo do fado, ordenaram para que as lojas não fossem fechadas, já que o problema havia acontecido “apenas” no terceiro piso, na área de alimentação.

Fico imaginando onde estavam e o que estariam fazendo os proprietários, diretores e gerentes da empresa Centro Oeste Parking Ltda., e quem quer que sejam as pessoas que dão as ordens aos funcionários para não deixar ninguém sair sem pagar o estacionamento. Será que o exemplo desse mesmo tipo de ganância, acontecido há pouco mais de um mês na boate em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, quando duzentas e tantas pessoas morreram (e outras ainda correm risco) não foi suficiente? Pelo visto não! Ainda bem, que nada de mais grave aconteceu e não houve vítimas, mas que valha como alerta para que a população não se torne refém da ganância de grandes empresários que só almejam o lucro, mesmo que isto custe vidas!