sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A tiara de flores brancas



Lá de longe eu via chegando.
Os cabelos esvoaçantes teimavam em se misturar à tiara de flores brancas que segurava as madeixas, no alto de sua sinagoga.
E o vestido às vezes se ofuscava por detrás da poeira marrom.
O voz era a mesma. Com a sutileza distante de um canto agridoce em uníssono com o vento. Gemia!
Passos largos corria!
Apavorada para chegar perto e vislumbrar a entrada da capela, que ainda estava sem luz.
Sentou-se ali, numa pedra nada polida e sentiu o primeiro rasgo no vestido.
O sol baixou... A lua se ergueu...
E ninguém apareceu!
Ficaram os cabelos duros e embaraçados de poeira, a tiara de flores brancas e o vestido rasgado. Um copo de cólera para uma boca amarga e um pote de mel para adoçar as veias de fel.
Até o vento se foi. E ela também... a poeira, só no rastro e na esperança fugida até a próxima sexta!, quando o vestido remendado e a tiara de flores brancas atravessarão, novamente, o vendaval seco. Ela se sentará na pedra, fará um rasgo no vestido, esperará o sol cair e, nesta noite sem luar, voltará pra casa sonhando com o amor que não apareceu!

Um comentário:

Úrsula disse...

Ai, coitadinha da moça, que dó. Tá parecendo comigo.