Eu tenho uma vida paralela! Diariamente, tenho meus trabalhos, academia, amigos, uma coisinha aqui e outra ali que me tomam parte do tempo. Mas desde de pequeno, sempre tive um amigo invisível – pouca gente o conhece, porque não acredita. Era ele quem palpitava no que eu fazia. Uma espécie de alter ego infantil. De vez em quando ele sumia e eu o procurava horas a fio. Era ele quem assistia TV comigo, principalmente quando eu ficava na espectativa do final do Sítio do Pica-Pau Amarelo, todos os dias, às 17h. Me confortava tê-lo ao meu lado nesses momentos. Quando um episódio acabava, me sentia vazio. Mas logo começava outro e o buraco era preenchido. Assim fui crescendo e esse sentimento também. Sou muito apegado, saudosista, mas não inteiramente. Apenas uma parte de mim é assim. Quem sabe Freud?
O mergulho na leitura já fez fazer algumas loucuras, como ler o livro de um certo autor, gostar e não querer acabar. Mas quando acabava, comprava toda a coleção e lia de uma vez. Uma forma de ter uma overdose daquela leitura e tentar enjoar, para que eu não sofresse quando acabasse. Em vão! Novelas, não assisto mais. Acabava deixando de lado muitos compromissos pelo prazer de acompanhar as histórias dos personagens. Há algum tempo descobri os seriados. Pronto. Ampliei minha vida paralela. Dos antigos água com açúcar como Jeannie é um Gênio ao sarcasmo inteligente de Os Simpsons, todos passaram a ser uma espécie de casa de avó, para onde a gente vai quando quer esquecer problemas, calor, fome, dores – sejam físicas ou do coração!
Já coleciono algumas e, em cada uma delas, acabo encontrando algo que me dê motivos de alegria. Coisas que nem de longe vou usar na minha vida diária, mas que estarão sempre escancaradas na minha vida paralela. E não adianta eu querer trazer isso à tona, à luz e aos olhos de quem está ao meu lado. É um mundo meu. Que seja autismo... Mas eu vivo parte da minha vida nesse mundo! E nele, eu não tenho a obrigação de fazer uma coisa ou outra. De ser hoje e amanhã. Não! Na minha vida paralela eu sou tranquilo e posso sentir o bem-estar a hora e o dia que eu quiser. Ela está lá, na minha estante, nas páginas dos meus livros e nos meus DVDs.
E quer saber? A minha vida paralela tem ajudado e muito a minha vida real. Tenho conseguido abstrair muita coisa de uma e de outra vida e parado para pensar nas metáforas que vivencio na vida paralela. Esta semana, a serenidade com um episódio da série The 4400. Quem ainda não conhece, procure se informar. Vale a pena. Comecei a terceira temporada e cheguei à conclusão de que a humanidade não está preparada para aceitar tantas diferenças entre as pessoas: cor, credo, situação financeira... mas são justamente os que são diferentes é que talvez possam moralizar e pacificar o mundo – Nossa! Filosofia de botequim ou viagem, mesmo? Será que Freud?
E nas minhas idas e vindas à minha vida paralela, eu encontro refúgio até para a solidão. Mesmo quando meu amigo invisível está dormindo ou foi vasculhar a minha vida real. É lá que eu encontro momento em que eu descanso a mente e o corpo, me desfaço dos conceitos e pré-conceitos. Mas agora tá na hora de voltar à realidade... E ao trabalho.
3 comentários:
os seriados tbm nos deixam órfãos como os livros???
Deixam, Jacq. O pior é que deixam também. Eu já nem sei o que vou fazer quando a 4ª temporada acabar...
Que bom te rever ontem, querido!!Sabe que dias atrás resolvi "ressuscitar" o velho blog...acho que quando ainda estava em Liège vc chegou a fazer umas visitas por lá...a inspiração não anda das melhores, mas está sendo gostoso rever os bons tempos. Beijo
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