Quando o saudoso Chico
Anysio, na pele do Professor Raimundo, criou o bordão “É vapt-vupt!” para
indicar que o tempo dos comerciais, para a volta da Escolinha no próximo bloco,
seria rápido, o Brasil se manifestou, aceitou o jargão e, por muito tempo, tudo
o que era feito com rapidez era vapt-vupt! Tanto que o governo também ‘apossou’
do termo e criou o Vapt-Vupt, para os serviços cujos atendimentos não
suportavam as demandas e acabavam sendo vencidos pela burocracia. Resultado:
insatisfação total do contribuinte-cidadão e, consequentemente, com a prestação
de serviço por parte do governo.
Com a inauguração da
primeira unidade do Vapt-Vupt um holofote se acendeu no fim do túnel, mostrando
que era, sim, possível oferecer ao cidadão um atendimento de qualidade, sem
filas, sem longas esperas e com funcionários preparados. Foi assim durante um
bom tempo. Mas também foi vapt-vupt e hoje o que encontramos é uma burocracia,
se não maior, igual ao que era antes. Com uma diferença: concentrada em
unidades com vários tipos de serviços.
Um exemplo disso, apenas
um, é o atendimento do Detran. Primeiro, o contribuinte vai até uma unidade do
Vapt-Vupt e solicita o documento para o pagamento da terceira parcela do IPVA.
Ela só pode ser retirada uns sete dias após pagar a segunda. Ou seja, o cidadão
vai ter de voltar lá mais uma vez. Vai enfrentar tudo de novo! Mas se é assim
que tem de ser, que seja. No dia marcado no documento, o contribuinte volta ao
Vapt-Vupt e começa a via-sacra. Primeiro pega uma senha para o Detran e vai ler
um livro, jogar baralho, dominó... Qualquer coisa que não o faça perder a
paciência durante as duas horas de espera pela chamada da sua senha.
Não se esqueça dos
florais. Tenha sempre um no bolso para que você não tenha um acesso de cólera
enquanto aguarda. Senha chamada. O cidadão se dirige à mesa. Retira o documento
e acha que está tudo pronto? Não. Ele ainda precisa ir ao banco e pagar o
documento para depois retornar, mais uma vez, à mesa e pegar o documento definitivo
que levará na carteira. Mas ainda não é tão simples assim. Antes de ir ao
banco, precisa retirar mais uma senha e aguardar mais uns 40 minutos para o
banco chamar. É aí que entram os florais. Não pense que algumas gotinhas vão
resolver. Tome logo meio vidro que é pra garantir que não saia de órbita e
grite com algum funcionário, o que pode lhe causar mais transtornos ainda, já
que gritar com funcionário público pode dar cadeia!
Pagamento
efetuado no banco? Certo. Vamos à mesa do Detran? Nada disso! O cidadão ainda
precisa pegar outra senha de retorno e aguardar mais um tempinho. Se ele
guardou o que sobrou dos florais, é esse o momento de secar o vidro. Se o
cidadão pedir uma senha para o outro serviço, enquanto espera pelo anterior,
não é dada. A moça da recepção é clara em dizer que ninguém pode ter duas
senhas na mão! Ninguém, não. Algumas pessoas conseguem. Eles explicam o porquê,
mas não convencem!
Daí
fico me perguntando: por que será que o cidadão precisa pegar outro papel, que
não seja o documento final, para pagar? É desperdício de papel, de tempo e de
paciência de ambas as partes. Pra que manter o cidadão lá dentro tanto tempo se
é possível entregar logo o documento definitivo para pagar no banco e correr
pro abraço? Seria economizada, pelo menos, uma senha e muitas vidas seriam
mantidas. Isso é ‘jeguice’! É atraso de pensamento que poderia muito bem ser
resolvido apenas com boa vontade! Se isso continuar assim, em pouco tempo
haverá quebra-quebra, Chico Anysio voltará das cinzas e o que era pra ser
vapt-vupt, pode se tornar história de Pantaleão, mas sem Terta para avalizar!
Rimene Amaral é jornalista
e escreve o blog:
http://odonodotempo.blogspot.com
2 comentários:
hahahaha são as disfunções da Burocracia.
Fale a verdade: vc gosta de ir ao vapt-vupt
Postar um comentário