domingo, 18 de janeiro de 2009

O verdadeiro Dono do Tempo


Depois de muito insisitir para que meu amigo Cris Almeida, direto de Londres, me desse o enorme prazer de ter – mais uma vez – seus textos no meu blog, ele me atendeu. Foi numa noite sofrida de sábado, sem álcool, sem carinho e sem rumo. Em casa, dividido entre a cama e a cozinha, tentei suplicar, de novo, pelos Escritos para Guardanapos de Pubs (e que sejam londrinos, please!). Ele me atendeu, enfim! Segue a jóia. Sem lapidar. Preferi não interferir para mostrar, como já disse no primeiro, que ele acha que não é jornalista. Foi apenas um erro na hora de preencher o cartão do vestibular.

Obrigado, amigo!


“Senhor do tempo, eis aqui seu escravo, alguém amarrado a 29 anos nessa sua linha... do tempo.”

Sarcasticamente e sem humildade nenhuma, creio ser a pessoa perfeita para adicionar algo trivial neste blog, sendo hoje um Londrino sem tempo, alguém que vê a cinza Londres em flashes durante seus dias, correndo feito louco pra tentar dominá-lo... o tempo, em vão.

Londres tem um certo combustível para mentes imaginativas, pensamentos correm por nossas cabeças a todo instante, às vezes uma crítica à política, às vezes um deslumbramento ao ver um ícone iluminado à noite, as diferenças culturais, tudo é motivo, o difícil é separar o joio do trigo, o que vale a pena eternizar e compartilhar e o que é simplesmente “bullshit”.

Ao contrário do que se pensa, a vida aqui não é fácil, tem seus benefícios, porém o preço é alto e pagamos com sangue e suor. Nesse meio tempo, ele – o tempo – passa e não o percebemos até se olhar no espelho. Ao chegar aqui tive a idéia de deixar o cabelo crescer e, então, ver a cada dia o sinal do tempo. Apareceram também rugas, umas de preocupações e outras que dizem ser marcas de expressão, mas que fico feliz por ser de sorrir e gargalhar... aqui aprendi a não me levar a sério demais.

E então o tempo passou, o cabelo me diz que se foi um ano e sete meses, “not that much”, mas tanta coisa aconteceu... mais do que durante os seis anos no escritório atrás do computador, com a mesma aparência. Ainda não sei dizer se o cabelo tem alguma coisa a ver com isso. Em todo caso, tenho deixado a barba crescer também. Fora a aparência de mendigo (na realidade preferiria que fosse visto mais como um yuppie dos anos 70), a pessoa continua a mesma, um tanto mais evoluída, é claro...

Interessante é o meu pensamento de que um dia vou cortar o cabelo e fazer a barba, isso de alguma forma me fará parecer mais novo, desse jeito um tanto peculiar, acredito estar enganando ele – o tempo – e talvez no momento ideal isso sirva como uma injeção de ânimo, quem sabe (?) ao voltar ao meu país amado, recomeçar uma nova vida sentindo-se 10 anos mais novo.

Acho que eu seria um bom caso de estudo para os psicólogos, difícil mesmo é aparecer para uma sessão. Odeio livro de auto-ajuda; não tenho problemas que não consiga resolver eu mesmo (às vezes um telefonema ao gerente do banco para aquela forcinha é necessário) e fora o santo padre na hora da confissão, nenhum outro conseguirá tirar meus sórdidos segredos à não ser na base da tortura, coisa que será um tanto difícil também, visto que já assisti milhões de filmes de guerra e sei muito bem como a coisa toda funciona.

Não vou crucificar os psicólogos, tenho amigos que foram para esse caminho interessante de se ganhar dinheiro (apesar de não terem ganhado algum, ainda), já parou pra pensar que se o cara tá com a cabeça fudida, uma hora o bolso dele também estará ? “Ajudar o próximo” pelo simples fazer o bem? Torne-se Escoteiro! Eu fui! (corrigindo, ainda sou. “uma vez Escoteiro, sempre Escoteiro!”), ou entra numa ONG, sei lá, aliás, nada contra psicólogos, de verdade... gosto deles. Só esse caso particular de uma garota que me chamou a atenção em um bar, com aquela conversa mole, coxas grossas e um par de olhos azuis e que quase me fez acreditar que eles entendem mesmo o que se passa dentro de nossas cabeças, até eu me tocar que estava sendo objeto de estudo pra um trabalho da faculdade...

Então fica a sugestão, tentem enganar o tempo e pergutem sempre às pessoas interessantes no bar se elas são, estão ou um dia serão Psicólogas.



Cristian Almeida by London – UK

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