Sabe um daqueles dias que você chega em casa, pregado, amarrotado, cabeça cheia... e tudo que deseja é um banho, um vinho e cama? Pois é. Foi num dia desses, uma quinta-feira, pra variar. Não via uma luz do fim do túnel, sequer, já que meu fim de semana seria de plantão. Portanto, a sexta era nada mais que um dia a mais. Carro na garagem, gravata afrouxada e paletó no ante-braço, subi o elevador como se tivesse carregando um saco de cimento nas costas. E parece que demorou mais que o de costume!
Coloquei a chave na porta, dei um giro e rodei a maçaneta. Nada! Tinha me esquecido que a Nazaré sempre dava duas voltas na chave – “Fica mais difícil de abrir!”, dizia ela. E eu com isso? Mais difícil pra mim? Ou ela imaginava que alguém fosse entrar no prédio e ir direto no meu apartamento porque a fechadura da porta tinha apenas uma volta? Deixei pra lá. Filosofar e tentar achar resposta para as insanidades de Naza era tudo que eu não queria naquela hora.
Casa limpa, cheirosa, tudo no lugar! Me desfiz do terno ali mesmo, na sala. Abri uma garrafa de vinho, deixei-a na geladeira para soltar o bouquet e meu corpo pediu um banho. Vestido num roupão atoalhado, peguei a maior taça, coloquei uma quantidade generosa de Merlot e me despejei sobre as almofadas. Antes que a taça terminasse, o sono bateu! Na cama havia uma folha de papel A4, com alguma coisa escrita. “Recadinho da Naza”, imaginei. Passei a mão e joguei a folha no chão, que rodopiou no ar e foi encontrar aconchego debaixo da cama. Em menos de dois minutos estava sonhando.
Acordei assutado com o telefone às 6 horas da manhã. Dia escuro, ainda.
Nota: Lá em casa, tínhamos uma regra: a não ser caso de extremíssima necessidade, ninguém liga pra ninguém depois das 10 horas da noite e nem antes das 8 horas da manhã.
“Notícia ruim”, pensei. Estendi o braço esquerdo e alcancei o telefone. Do outro lado, uma voz animadíssima me deu bom dia.
“Nazaré!”, exclamei preocupado. “O que houve?”
Com uma voz mais doce que vinho de quinta comprado na venda da esquina, Naza faz uma pausa e pergunta: “Você viu a oração que eu deixei pra você na sua cama?”. Não entendi a pergunta – ou não queria acreditar que ela tinha me ligado às 6 horas da manhã para perguntar aquilo. “Oração?”, pensei e lembrei do papel debaixo da cama. “Li, Nazaré. Claro que eu li”, respondi tentando me livrar do telefone e voltar a dormir mais uma horinha. “Leu mesmo?”, descofia ela. “Li”. Ela faz uma pausa e começa a me explicar que na vida precisamos de Deus. Que é Ele quem nos dá o que precisamos. Que é através de Deus que a vida se ajeita... e contou uma história que até hoje não sei se ela realmente contou ou se eu estava sonhando. O fato é que, depois de alguns minutos ela me lasca uma: “Se você leu a oração, então me diz o que estava escrito...”. Não acreditei. Disse a ela que estava com dor de garganta e não podia falar. Desliguei o telefone. Tentei dormir. Em vão! Peguei o papel caído debaixo da cama e decorei a oração! Pelo menos, quando ela chegasse na próxima semana, eu saberia o que responder.
Coloquei a chave na porta, dei um giro e rodei a maçaneta. Nada! Tinha me esquecido que a Nazaré sempre dava duas voltas na chave – “Fica mais difícil de abrir!”, dizia ela. E eu com isso? Mais difícil pra mim? Ou ela imaginava que alguém fosse entrar no prédio e ir direto no meu apartamento porque a fechadura da porta tinha apenas uma volta? Deixei pra lá. Filosofar e tentar achar resposta para as insanidades de Naza era tudo que eu não queria naquela hora.
Casa limpa, cheirosa, tudo no lugar! Me desfiz do terno ali mesmo, na sala. Abri uma garrafa de vinho, deixei-a na geladeira para soltar o bouquet e meu corpo pediu um banho. Vestido num roupão atoalhado, peguei a maior taça, coloquei uma quantidade generosa de Merlot e me despejei sobre as almofadas. Antes que a taça terminasse, o sono bateu! Na cama havia uma folha de papel A4, com alguma coisa escrita. “Recadinho da Naza”, imaginei. Passei a mão e joguei a folha no chão, que rodopiou no ar e foi encontrar aconchego debaixo da cama. Em menos de dois minutos estava sonhando.
Acordei assutado com o telefone às 6 horas da manhã. Dia escuro, ainda.
Nota: Lá em casa, tínhamos uma regra: a não ser caso de extremíssima necessidade, ninguém liga pra ninguém depois das 10 horas da noite e nem antes das 8 horas da manhã.
“Notícia ruim”, pensei. Estendi o braço esquerdo e alcancei o telefone. Do outro lado, uma voz animadíssima me deu bom dia.
“Nazaré!”, exclamei preocupado. “O que houve?”
Com uma voz mais doce que vinho de quinta comprado na venda da esquina, Naza faz uma pausa e pergunta: “Você viu a oração que eu deixei pra você na sua cama?”. Não entendi a pergunta – ou não queria acreditar que ela tinha me ligado às 6 horas da manhã para perguntar aquilo. “Oração?”, pensei e lembrei do papel debaixo da cama. “Li, Nazaré. Claro que eu li”, respondi tentando me livrar do telefone e voltar a dormir mais uma horinha. “Leu mesmo?”, descofia ela. “Li”. Ela faz uma pausa e começa a me explicar que na vida precisamos de Deus. Que é Ele quem nos dá o que precisamos. Que é através de Deus que a vida se ajeita... e contou uma história que até hoje não sei se ela realmente contou ou se eu estava sonhando. O fato é que, depois de alguns minutos ela me lasca uma: “Se você leu a oração, então me diz o que estava escrito...”. Não acreditei. Disse a ela que estava com dor de garganta e não podia falar. Desliguei o telefone. Tentei dormir. Em vão! Peguei o papel caído debaixo da cama e decorei a oração! Pelo menos, quando ela chegasse na próxima semana, eu saberia o que responder.
Um comentário:
Vixe!...A Naza foi cruel hein?...Ligar nesse horário?!Lindo texto!...Ireci Maria.
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