terça-feira, 1 de julho de 2014

02/07: aniversário do meu pai - O sanduíche de pão de queijo


Na geladeira de casa muita coisa não podia faltar. Mas uma tuperware verde de tampa branca, redonda, tinha seu espaço garantido, no canto traseiro da segunda prateleira, sempre ao lado de um pirex de doce ou de um resto de comida. O conteúdo era preenchido duas vezes por semana, numa empreitada que levava todo o fim do dia e quatro mãos: as de mamãe e as de papai! Mas era na sexta-feira que a massa de pão de queijo era feita numa quantidade mais substancial, dado ao fim de semana que, geralmente, trazia visitas.

Papai sempre foi um apreciador de boas iguarias, da boa mesa, da boa comida e... de qualquer comida! Glutão contumaz, sempre inventava alguma coisa que fosse além da receita tradicional. O pão de queijo, por exemplo, depois de retirada a parte da massa que seria guardada na tal tuperware verde, ganhava um toque de orégano, alho... me lembro até de uma vez que ele acrescentou pedacinhos de bacon à massa. Ficou uma coisa sem explicação! Ainda fecho os olhos e posso sentir o gosto.

Todos os dias, inevitavelmente, pela manhã – e papai acordava bem cedo! – enquanto a água para fazer o café estava no fogo, ele enrolava os pães de queijo e os mandava para o forno. Aliás, era o cheiro do pão de queijo que nos buscava na cama, no sábado, e nos fazia correr para a mesa do café da manhã. Na maioria das vezes, eu voltava para a cama depois. Mas como papai era avesso à dormidas até tarde, ele começou a criar novidades para que o café da manhã se tornasse mais atrativo e demorado. Foi aí que surgiu o Sanduíche de Pão de Queijo, de autoria licenciada do meu pai, o primeiro e, até então, único em toda a galáxia.

A primeira versão era apenas com mortadela e queijo. Aliás, acho que por ser original, a que eu mais gosto até hoje. Era servido sempre com uma caneca de café. Depois, papai começou a dar uma incrementada e surgiram as versões atum, presunto com molho tártaro (aliás, molho tártaro, junto com o ar e a água, era produto essencial para a vida de papai!), queijo parmesão com orégano e pimenta calabresa, além de outras que não me recordo agora. Para as festas de fim de ano a versão peru com passas (no Natal) e pernil com queijo (no Ano Novo) eram as que mais saíam. E acabaram entrando para o cardápio convencional do dia-dia, juntamente com o sanduíche de pão de queijo com bife. Você precisa experimentar!


Feliz aniversário para o meu pai! Saudades do pão de queijo, do café, da peixada, do sarapatel, do churrasco, do arroz com carne seca ou linguiça... Saudades do acarajé, mesmo com alho, do controle remoto de bambu, da abobrinha refogada com muita pimenta, do chuchu – também conhecido como perigoso (conto essa da próxima) – e de tudo o que me lembra uma das pessoas mais importantes da minha vida. Parabéns, pai!

2 comentários:

NIVEA AMARAL disse...

Que saudade do meu padrinho ��

NIVEA AMARAL disse...

Sarapatel dele eu comia assobiando ,tinha muuuuita pimenta .mas era o melhor